Adriano Castor
E agora, o Free Flow ficou órfão?
Não é (só) sobre apontar dedos. Mas é sobre entender como, durante todo esse processo, nenhuma liderança se manifestou

Pois é... na hora de tirar o que é impopular pensando nas urnas de 2026, apareceu tanto “pai” da criança, não foi?
Na política, tem uma expressão clássica: “Quem é o pai da criança?”
Ela costuma surgir quando a ideia, obra ou projeto dá frutos e todos querem assumir sua autoria.
E adivinha onde estamos agora? Exatamente nesse ponto com o Free Flow.
Esse modelo de pedágio eletrônico, que parecia moderno e eficiente no papel, agora virou aquele parente distante que ninguém quer ter o sobrenome ligado.
Todo mundo garante que sabia, que leu, que defendeu a população...
Mas, na prática, ninguém assume que não leu ou sequer notou.
Vamos aos fatos:
Em 22 de março de 2023, teve audiência pública no auditório do SEST-SENAT, em Sorocaba.
Horário? 9 da manhã, de uma sexta-feira.
O projeto de concessão foi todo apresentado: mapas, números, localização dos pedágios... estava tudo lá, às claras.
E quem apareceu?
De lideranças regionais, só me lembro do prefeito de Araçoiaba da Serra, Dr. Quevedo.
Detalhe importante: cada deputado tem de 22 a 24 assessores.
Com os quatro gabinetes principais da região, estamos falando de quase 90 pessoas.
E, ao que tudo indica, ninguém viu nada.
O edital ficou público de março a julho.
Depois disso, entre a publicação e o leilão na B3, em 30 de outubro, foram mais três meses.
Ou seja, sete meses no total de documentos disponíveis, dados públicos e tempo para questionamentos.
E o silêncio quanto ao projeto só foi interrompido durante as marteladas do Governador.
Mas aí veio a repercussão... Com a força e a credibilidade da Jovem Pan Sorocaba, ou seja, a imprensa sim, aquela que muitos gostam de criticar, mas que cumpre o papel de alertar trouxe o assunto à tona.
A população reagiu.
E, de repente, todo mundo apareceu.
Dizendo que foi pego de surpresa, que jamais concordaria, que foi excluído do processo, que teve conhecimento após a martelada.
Agora, são os mesmos que se posicionam como os grandes defensores da região.
Não é (só) sobre apontar dedos.
Mas é sobre entender como, durante todo esse processo, nenhuma liderança se manifestou, nenhum gabinete se mobilizou, nenhum representante se levantou.
Agora que o Free Flow ficou impopular, virou órfão.
Mas a pergunta continua no ar:
Quem deveria ter cuidado dessa criança desde o começo?
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